Danças Circulares Sagradas

Publicado  quarta-feira, 1 de junho de 2011

 Origem

O círculo é uma forma geométrica perfeita, onde todos os pontos estão à mesma distância de seu centro. Socialmente, estar em roda simboliza esta fraternidade, esta igualdade e a sensação de pertinência em algo que só passa a existir se houver a colaboração de várias pessoas. As culturas antigas, ligadas à natureza, já faziam da roda o ambiente ideal para atuar socialmente, fosse conversando e ensinando em volta de uma fogueira, fosse praticando rituais em grupo, fosse dançando. Dançar é uma forma de expressão da natureza humana e sempre esteve presente no dia a dia de nossos ancestrais, integrando seu dia a dia, significando festas, guerras, nascimentos e mortes. Sendo assim, podemos dizer que a origem das danças circulares é a própria origem antropológica do homem.
Conceito
As Danças Circulares Sagradas, criadas pelo bailarino e coreógrafo alemão Bernhard Wosien, estão baseadas nas danças folclóricas de cada povo e buscam integração e autoconhecimento. Para Bernhard, dançar em grupo "é uma oportunidade para que as pessoas eduquem umas às outras e a si mesmas".
Um conceito notadamente religioso pode ser atribuído às Danças da Paz Universal, movimento criado pelo mestre sufi - Murshid Samuel Lewis, que acreditava que “a verdadeira religião deve ser prática e expressar a profunda unidade que se encontra por trás de todas as tradições”. As músicas são buscadas nas tradições religiosas mais antigas.
Histórico
Em meados da década de 70, Bernhard Wosien foi convidado à visitar Findhorn, uma comunidade alternativa escocesa que ficou conhecida na década de 60 pelo plantio de repolhos gigantes e que tinha se tornado uma referência em cursos voltados para o desenvolvimento humano. Lá ele compartilhou as danças de roda que vivenciou e coreografou, inspirado nas danças folclóricas por ele pesquisadas, principalmente na tradição folclórica alemã. Em 1976, Wosien criou o movimento intitulado Danças Circulares Sagradas.
Na mesma época, na América do Norte, o mestre sufi Murshid Samuel Lewis, ou sufi Sam como ficou conhecido, iniciava o movimento que mais tarde foi denominado “Danças da Paz Universal”. Com o mestre sufi Azrat Inayat Khan, Lewis aprendeu que a mensagem espiritual, mais do que por intermédio das palavras, pode ser difundida através da música e do som.
No Brasil, Renata Carvalho Lima Ramos tem sido uma das grandes entusiastas e divulgadoras das danças circulares. Em 1991, tendo criado o Triom - Centro de Estudos, Livraria e Editora, foi participar de um workshop na Comunidade de Findhorn e passou a divulgar e ampliar os horizontes da dança circular no país.
Formas de atuação

Na roda nos percebermos iguais aos outros, necessários à execução de um projeto comum, em paz e harmonia com os demais. Desta forma, muitas vezes a dança circular é chamada de um tipo de meditação ativa. Nas Danças Circulares Sagradas, o tema é coletado do folclore e geralmente tocado em um aparelho de som, mas a presença de músicos pode trazer ainda mais brilho à experiência e os passos são ensinados por um facilitador. Nas Danças da Paz Universal, os participantes cantam e dançam a música trazida pelo facilitador, temas tirados das diversas religiões do mundo.
Benefícios
As danças circulares promovem uma experiência de aprendizado. Favorecem a percepção de si mesmo e do outro através da integração, da comunicação e da flexibilidade que o desafio de participar de uma dança conjunta exige de todos. Cada participante é convidado a rever os seus próprios passos, ao entrar em contacto com seu esquema corporal, suas facilidades e dificuldades, suas reações e posturas diante de novos desafios. Cada nova dança motiva o participante a valorizar o trabalho em equipe e compartilhar suas limitações e seus talentos, percebendo e respeitando o espaço da roda, de si mesmo e do outro. Convidado a se adaptar a ritmos e estilos diferentes, amplia seu repertório de movimentos e seus conhecimentos sobre a cultura da humanidade. 



Ref. Bibliográficas
Danças circulares: dançando o caminho sagrado Anna Barton. Organização: Renata Carvalho Lima Ramos. Tradução: Márcia Schubert. São Paulo: Triom, 2006. 
História da dança no Ocidente Paul Bourcier Tradução Marina Appenzeller. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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