Parece um
milagre ou até mesmo uma fórmula mágica, mas o uso de anabolizantes, apesar de
ser uma alternativa fácil e rápida de aumentar a musculatura, oferece riscos à
saúde – no Bem Estar desta segunda-feira (20), o endocrinologista Alfredo Halpern e a
nutricionista Jéssica Borrelli explicaram que o uso indiscriminado desses
produtos, sem orientação médica, pode causar efeitos colaterais, como risco
maior de problemas no coração, aumento do colesterol ruim, problemas no fígado,
infarto, derrame e até mesmo câncer.
Por isso, os
especialistas alertam que essas substâncias não devem ser usadas e não podem
ser receitadas nas academias, já que é possível ganhar massa muscular apenas
com exercício físico e alimentação.
Em relação ao
câncer, o excesso de hormônios dos anabolizantes, usados de maneira inadequada,
estimula o crescimento de células – se uma delas tem uma tendência a se
transformar em um câncer no futuro ou se já tem a doença, o anabolizante pode
promover seu desenvolvimento com mais rapidez.
Ou seja, ele
pode causar um tumor ou acelerar um que já existia, com o risco até mesmo de
metástase, como explicou o oncologista Fernando Maluf na reportagem da Natália
Ariede.
Esse problema
aconteceu com a ex-BBB, vencedora da 12ª edição do programa, Maria Melilo. Por
7 anos, ela tomou anabolizantes porque queria ganhar massa muscular, mas a
consequência logo veio e ela descobriu um tumor no fígado.
Atualmente
recuperada da cirurgia que retirou 70% do fígado, ela se lembra dos outros
efeitos que o anabolizante causou, como engrossamento da voz, fraqueza no
cabelo, colesterol alto e até mesmo alterações no ciclo menstrual.
Fora a
desregulação da menstruação, nas mulheres, pode ocorrer também de o pescoço
ficar mais largo, o queixo mais quadrado, ela ficar mais agressiva e até mesmo
ter calvície. Nos homens, a calvície e agressividade também acontecem, com o
risco ainda de aumento das mamas e atrofia dos testículos, como explicou o endocrinologista
Alfredo Halpern.
Isso acontece
porque os anabolizantes são hormônios sintéticos, normalmente derivados da
testosterona, que estimulam as células musculares a aumentarem a absorção de
tudo que faz o músculo crescer, especialmente as proteínas. Além de aumentarem
a musculatura, os produtos também estimulam o crescimento de tecidos, como
ossos, peles e órgãos, mas isso acontece com maior intensidade na fase de
crescimento. Por isso, é ainda mais perigoso o uso indiscriminado de
anabolizantes na adolescência, porque os órgãos podem ficar maiores do que
deveriam.
Fora a
testosterona, existe também o GH, outro hormônio também considerado
anabolizante e bem procurado por frequentadores de academia. Esses dois
hormônios são produzidos pelo corpo naturalmente, mas muitas pessoas tomam para
ficarem mais fortes e diminuir também a massa gorda do organismo.
Existem casos,
no entanto, de pacientes que têm falta de produção natural desses hormônios,
por causas genéticas ou adquiridas, e os anabolizantes são prescritos pelo
médico. A diferença, porém, é que quando o médico indica os remédios, eles são
dados em doses muito menores do que aqueles usados por frequentadores de
academia. Fora isso, os pacientes passam por avaliações clínicas para descartar
qualquer incompatibilidade com o anabolizante. Pessoas saudáveis nunca devem e
não precisam utilizar esses hormônios, justamente por causa dos riscos que eles
trazem.
Por outro lado,
existe ainda o suplemento alimentar, também muito conhecido nas academias. A
maioria toma aqueles à base de proteína, essencial para o crescimento dos
músculos – o mais conhecido é feito com proteína de soro de leite, que é
rapidamente absorvida pelo corpo e facilita o desenvolvimento muscular logo
depois do treino de musculação. O problema é que muita gente confunde o
suplemento com anabolizante – enquanto o suplemento é um alimento indicado por
nutricionistas para ajudar na recuperação muscular, o anabolizante é uma droga
derivada de hormônios.
Segundo a
nutricionista Jéssica Borrelli, existem vários tipos de suplementos e não
adianta usá-los sem necessidade porque o corpo elimina o excesso. Um dos
principais erros de quem toma é usar logo que começa a atividade física – como
a proteína serve para repor o que falta, o corpo só vai sentir uma necessidade
maior depois de uma intensidade e tempo maiores de treino.
Outro erro é misturar proteínas isoladas com leite – o leite, quando misturado, retarda a absorção. Toma uma dose maior do que a necessária também é errado – muita gente faz isso achando que a absorção será maior, mas de acordo com a nutricionista, a absorção máxima pelo corpo é de 20 a 25 gramas por dose.
Para não
cometer esses erros, o ideal antes de optar pela suplementação é se consultar
com um nutricionista, que vai avaliar o cardápio, o tempo e a intensidade dos
treinos. Como o excesso de qualquer proteína pode sobrecarregar os rins, é
fundamental avaliar a necessidade antes de usar essa alternativa.
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